Falsa Felicidade

Falsa Felicidade
Sabe, durante muito tempo eu me questionei incessavelmente se eu faria realmente falta na vida das pessoas, se eu realmente significava algo para alguém, e durante muito tempo evitei as respostas para essas perguntas, apesar de que, bem no fundo soubesse a verdade, mas resolvi negar para mim mesma que estava sozinha, resolvi negar que os que me rodeavam queriam apenas o meu mal, tapei meus olhos e ouvidos  para a realidade e apenas caminhei em direção ao precipício, já tão próximo de mim que sentia a brisa gélida da depressão soprar em meu rosto.

E ali estava eu, caída no chão sujo do banheiro, com a cabeça latejando pelo som do relógio que ecoava pelo comodo me lembrando que ainda estava viva.

Eu já não sentia mais meu corpo, e minha mente estava em um constante caos de pensamentos aleatórios e depressivos, fosse pelo whisky que a esse ponto do campeonato já estava no final, fosse pelo sangue que havia ido pelo ralo alguns minutos antes ou talvez pela mistura doentia dos dois, neste momento à minha frente jaziam apenas imagens borradas de coisas quebradas que um dia foram de grande afeto, porém hoje só me faziam lembrar da mentira que vivi.

Aaah e doía tanto!

Doía de uma maneira que eu não acharia estranho se meu coração explodisse nesse exato momento pela dor, lembrar de que tudo que eu vivi foi uma mentira e que eles não se importam, mas eu não os culpo por isso, afinal nem eu mesma me importo o suficiente para dar uma nova chance a mim mesma, mas hoje essa dor que só fazia crescer iria parar.

Olhou para seu celular uma ultima vez em busca de alguma mensagem ou sinal para que parasse ali, porém nada havia ali, deitei-me dentro da grande banheira sentindo a água já suja e fria cobrir meu corpo, em minhas mãos havia uma lâmina, em meu olhar o sofrimento e em minha mente memórias quebradas.

Atenciosamente, Julia.