O som que vem ao longe

O som que se aproxima
O tempo estava chuvoso como de costume porém, as nuvens lá fora estavam escuras e carregadas de uma chuva que não tardaria em cair, o vento cortante ultrapassava os prédios e vinha em minha direção bagunçando meu cabelo e quase levantando minha saia, ah e que péssima ideia usar saia logo hoje, minhas pernas doíam pelo frio latente que fazia e eu sabia que devia sair logo dali, no entanto não conseguia, não conseguia voltar para o lugar que chamava de lar, afinal como iria encara-los, a esse ponto não se importavam mais. Cansada da caminhada fustigante após  a chuva começar caminhei a passos lentos e arrastados, sentindo o vento castigar minha face e logo uma rajada levar então levar meu único abrigo, meu guardada chuva vermelho. 
Deixando-me então descansar sob o meio fio, a água corrente escorrendo sob minhas pernas, lavando as impurezas e trazendo junto com o frio a paz da noite recém chegada, como que em um ultimo suspiro me recostei sobre o asfalto molhado logo ao longe ouvindo o som alto de um veiculo se aproximando no escuro, mãos sob a cabeça e instintivamente senti o sorriso saltar sobre meus lábios, com calma fechei os olhos sentindo as gotas grossas machucarem a pele fina e maltratada dos últimos meses, ao som cada vez mais alto se aproximava e apesar do medo eu sabia que logo toda a angustia iria acabar.

Atenciosamente, Julia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

© Exalando Purpurina - 2015. Todos os direitos reservados.
Criado por: Lorena Vieira.
Tecnologia do Blogger.
imagem-logo