Vendo através do Véu

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Sou oprimida porque questiono, porque me recuso, porque digo não, discuto e bato o pé, arregaço as mangas e parto para a briga, continuo em frente apesar da vontade chorar e as lagrimas em meus olhos, não escolhi o caminho mais fácil, tomei partidos e lados que acho justos, apesar de ainda ser nova.
Nasci, cresci e em uma certa fase da minha vida me recusei a ver através do véu da ignorância, ver o machismo, preconceito, homofobia, intolerância e violência entre tantos outros, que o mundo fez questão de jogar em minhas costas e eu aceitei de bom grado carregar e tentar mudar.

Me peguei sendo censurada e subjugada até mesmo dentro da minha própria casa, por pessoas que dizem que me "amam", fui ensinada que uma que mulher bate em outra uma mulher é uma vagabunda, mas um homem que vai pra cima de outro é valente, e que tudo que contrarie o normal é errado.


Coloquei a cara a tapa e fui julgada por dar minha opinião, mas sabe, as vezes palavras machucam mais que a dor do corpo. Nesse momento descobri que estava em pedaços, e uma guerra começou dentro de mim, mas descobri que era preciso quebrar-se inúmeras vezes para reconstruir-me cada vez mais forte . 


Eu chorei, gritei e esperneei aos prantos pela ferida que havia ficado, minha primeira ferida da minha primeira luta, e confesso que ainda estou recolhendo meus pedaços pelo chão. Os preconceitos e opressões que antes estavam fazendo uma barreira dentro de mim foram abaixo em uma unica explosão e doeu como nunca antes, posso confessar que ainda doí, mas eu vou aguentar, pois minha dor é pequena se comparada a de muitas outras mulheres e irmãs, minha caminhada ainda esta no começo.


Necessito as vezes de uma mão amiga, um abraço protetor para retornar ao caminho que resolvi trilhar, um sorriso e até mesmo umas boas chacoalhadas e tapas para não me deixarem desistir ou   me entregar sem lutar, porque eu sinto medo, medo até mesmo de respirar, pois cada movimento e ação minha é considerada uma ameaça. Talvez um dia eu seja apenas mais um exemplo de corretivo que sociedade impulsionou, talvez eu me torne uma estatística ou talvez nem isso vire.


Atenciosamente, Julia Santos Moreira.

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