Naquele dia ela acordou diferente.
Tomou banho e se sentou ao lado da porta da sacada para que pudesse observar os
prédios altos e as pessoas que as vezes apareciam nas janelas.
Naquele momento sua única vontade era
de não existir mais naquele mundo, ou talvez fosse de finalmente poder existir.
Não sei, era confuso. Ela era confusa. Ela simplesmente acordou e se tocou que
ela não vivia como supostamente deveria viver. Estava presa na comodidade de
sua vidinha medíocre, sem importância. Apenas mais uma alma que circulava nesse
mundo lotado de pessoas tão insignificantes quanto ela.
Ela passou o dia inteiro parada lá,
apenas olhando as pessoas aparecerem e sumirem das janelas de suas casas. Ela
ficava pensando se aquelas pessoas eram felizes ou se eram como ela, apenas
mais uma marionete da vida.
Ela levantou-se apenas de noite. Comeu porcarias,
tomou um banho e então foi dormir, ou quem sabe refletir enquanto esperava o
sono ir busca-la e leva-la para um mundo de sonhos e pesadelos.
Na manhã seguinte ela estava
decidida. Arrumou as malas com tudo que considerava realmente necessário, pegou
as economias que guardava no fundo da gaveta e saiu. Ignorou as várias ligações
perdidas no seu celular cor-de-rosa e pegou o primeiro voo para o Japão.
Ela sabia que a partir daquele dia
ela deixaria de existir na vida de muitos, mas ela finalmente começaria a
existir para si mesma.
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